sexta-feira, 9 de agosto de 2013

nós

eu afasto as suas costelas e 
descarto os ossos
como fossem figurinhas 
e abro o seu coração

dou nós às ramificações 
penso: não
não vou fazer isso, não
mas não há nada tão lindo nesse 
mundo
como quando como
você

então afasto os ossos
rasgo a carne
rompo essa loucura descompasso maior
só pra poder te costurar
em nós

e depois
entre as linhas
panos, sangue
nos despediremos da carne
nós seremos
colcha de retalhos.

sábado, 3 de agosto de 2013

mãe terra

seu corpo finda em raízes
sempre.

a gente olha e procura
os pássaros, as margaridas
e tudo acaba em raiz, nó, recomeço.

não tem problema
só correria na floresta
os índios montados em seus cavalos
com suas lanças, caras pintadas
e todos os animais
correndo sempre no mesmo círculo
como se o mundo estivesse
des
c
e
n
d
o
pelo ralo.

ainda bem que nós
estamos grudados
nalguma coisa
e morremos, morremos
lenta e infinitamente
juntos.