Para Guto
Um agudo agito
fez o meu peito revirar-se
em dor
quando a calçada cruzou
e me deixou.
Um agouro maldito
me habitou.
Lágrimas não cessaram
o pranto ainda não parara
mas a dor não era a única praga.
A saudade e o poema
aqueles dois ácidos
que se vendem em frascos
e cabem em lágrimas.
Na parede suja
um poema me prende e segura
à esse mundo triste.
Quando volto à vida
um pouco mais colorida
eu me vejo
ao seu lado.
Do alto das nossas árvores
não havia nada que nos incomodasse.
Um fone de ouvido,
um abraço quente
e uma flauta.
E nós dois felizes.
Benditas rimas
trouxeram-me amor bilíngue
e choro de calçada.
Eu e você
somos tão distantes
quando um livro perdido numa estante.
Mas,
por sorte,
você ainda me acha em si.
E sempre achará.
Quando a alma queimar
o peito ferver
e o prato não cessar,
me veja em você.
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