Era jovem, comparada ao infinito.
Podemos até dizer que ela era feliz, na medida dos impossíveis.
Vivia e sonhava muito. Sonhava tanto que, às vezes, confundia a realidade com sonho.
Acordada, ela sonhava ainda mais. Sonhava com cantos, com olhos e com cantos de olho.
Observava os pássaros o dia inteiro, incansavelmente. Era fascinada por cada bater de asas, cada pena colorida e todo e qualquer voo.
Um dia, enquanto observava um pássaro de olhos claros, ela quis voar.
E por que não?!
Olhando da janela de seu quarto, de seu paraíso à parte, ela não quis continuar a viver em um infinito particular e singular.
Quis ser passarinho, e parar de apenas pular de galho em galho, poesia em poesia.
Ela se jogou da janela do 5º andar.
No meio do voo, quando ela começava a criar reais esperanças de que conseguiria ir morar em outro ninho, ser acalentada por outras asas, despencou.
Suas asas, invisíveis e completamente imaginadas, falharam.
Nada foi fácil de entender.
O que me acalma é o fato de que, de todos os seus sonhos, esse foi o único que não teve fim.
Não pra outra pessoa.
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