quando nossos corpos estavam descendo
metro por metro
até pousarmos nos altos galhos
da floresta.
Aqui é muito alto
e dá pra ver o céu,
lá embaixo,
tão pequeno quanto
qualquer homem.
As folhas estão secas
os galhos estão ressecados
e a madeira molhada
lembra sonhos
em treze por dois.
Meus cabelos estão molhados
tocam a cintura
e minhas pernas estão pintadas
de marrom e vermelho;
você está brilhando
em tons de verde e azul;
Nossas asas estão doloridas
e o vento é muito forte;
é difícil enxergar um lugar para
parar.
Nós não temos medo
representamos o amor do mundo inteiro
o sangue que corre nas nossas veias
é tão puro quanto qualquer riacho
que deságua em um pote de lágrimas
Enchemos o peito de coragem
damos as mãos
- as asas -
e sugamos o oxigênio daquele lugar tão limpo;
sentimos o mundo vacilar
tudo é apenas escuridão
e nos entregamos
ao espaço em branco.
O sol bate em nossos rostos ensanguentados
o vento nos faz ser apenas manchas
e nós caímos livremente
e não temos nenhuma perspectiva
do que há -
nós não existimos.
Já não é tão alto
podemos escutar os saltos
tocando as calçadas
no planeta azul.
Só mais um pouquinho
ou talvez o mundo inteiro
ou algo do tamanho de um ''pra sempre''
e tudo acabará.
Não temos tempo de nos encontrar
nada nos faria pensar
nada nos faria pensar
só queremos seguir em frente,
sempre
e não nos importamos em parecer perdidos
- dois loucos querendo ser um.
Nós, abstratos
nos chocamos contra o concreto.
Foi algo surreal:
nós acordamos.
xx
Esse poema foi escrito ao som de 'A Janela', música de FeLL, pela banda SeuZé. Obrigada pela luz. :)
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