'inda é tempo
serei melhor que sou.
Arsenal abandonado
muros rabiscados, grafites inacabados
avanço um passo
a escuridão é fagulha em mim.
Continuo caminhando
meus tênis estão ensopados de um líquido marrom
preciso achar o que me trouxe aqui.
Tropeço em meus próprios passos
já não sou o mesmo de trinta anos atrás
vejo campos de sangue
vida escorrendo de arame farpado
lâminas espalhadas pelo chão
corações pendurados no varal.
Expostos, tabelados
alguns em promoção
os corações estão à venda
e eu não consigo escolher
qual inserir em mim.
Alguns são coloridos
carregam lembranças, cores, sons
outros são apenas vestígios
de algo que passou a vida
como uma bomba de gasolina.
No canto da sala, vejo algo pulsar
sinto meu corpo falhar
minha garganta fechar
algo não está bem
eu já não sou mais tão jovem
pra sofrer assim.
Meu coração não está à venda.
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