quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Valores




Concordo, de olhos fechados, com quem disse que dinheiro não compra felicidade.
Um exemplo disso? Tenho muitos.
Um, pra começar, são algumas crianças pobres; e muitas, também órfãs. Elas, apesar de não terem dinheiro, nem pais, nem tantas outras coisas que para nós parece tããão importantes, são felizes. Como eu tenho certeza? Elas sorriem, brincam, se divertem. São crianças, e desconhecem o valor dos problemas. Só se importam em se divertir, brincar, descobrir coisas novas. E isso é suficientemente bom para elas.
Outro exemplo clássico são algumas famílias de menor renda. Algumas, moram em favelas. Mas, salve alguns tristes casos, elas são felizes. Sambam, brincam, dançam, fazem festa sob qualquer tempo e quaisquer problemas que estejam acontecendo.
Mas, vendo por outro lado, o que leva felicidade às pessoas mais ricas?
A família reunida? Os pobres também podem ter isso.
Talvez, pensando profundamente com meus botões, a simples crença de que isso é felicidade.
Pelo meu dicionário, felicidade significa bem-estar, contentamento.
Então, quem sabe, a distopia dos ricos possa ser a utopia dos pobres.
E é extremamente necessário salientar o quão podem ser desnecessárias as nossas utopias frente à realidade, que nós fingimos ser distópica, dos outros.
Pense bem: o que para você é o céu, para outras pessoas pode ser o chão.

Ser ou não ser: eis a questão



 

                   
Quem nunca foi pego de surpresa com a frase: "Seja um pouquinho normal, pelo menos, só pra variar..."? Provavelmente, ninguém.
Pessoas dançam na rua, pessoas fazem caretas no espelho e às vezes dançam na chuva. Comem, quando bate a vontade, como índios. Cantam no banheiro como se estivessem em um palco, num show lotado de gente. Falam sozinhas. Jogam xadrez, sendo elas mesmas os dois jogadores.
Pessoas tentam ser felizes, agindo de acordo com o que lhes vem em mente.
Quanto à tão famosa frase, se refere, muitas vezes, não apenas às ações, mas à aparência física das pessoas.
Por exemplo, se uma menina se veste toda bonitinha, de rosa, como uma princesa, logo acham logo que ela é bobinha. Se um menino se veste com camisa preta de banda de metal e uma calça rasgada, pronto!, é maloqueiro
.Beleza. Muitas vezes, até pode ser que as aparências não enganem e as pessoas sejam, de fato, apenas o que aparentam.
Em consideração às outras vezes, aos outros poucos casos, pensemos: o que, pelo amor de todos os deuses, seria esse tal "ser normal"? 
Eis aqui algumas hipóteses e suas discordâncias: 
Ser um engravatado, que fica noite e dia em seu escritório, só pensa em trabalho e esquece-se de viver. Não, não é normal. Ele se esquece de viver! Só pode ser louco, doido de pedra, piradinho da Silva. (Mas paga suas contas.);
Uma bailarina, talvez, que treina oito horas, todos os dias, pra poder encantar o máximo que puder no palco. Além disso, faz uma dieta muito rígida e segue uma linha de exercícios duríssima para manter o peso ideal. As horas que sobram, ela gasta pra estudar. Não, pelo amor de Deus! Ela também não é normal. Ela não tem tempo pra viver, porque a vida dela é baseada em fazer, fazer, fazer. Treinar, não comer, exercitar, estudar, treinar, não comer... Sempre, sempre, sempre;
Um rei, que manda em tudo e em todos, mas não lhe sobra tempo nem ao menos para decidir a hora do próprio almoço. Ia até dar mais detalhes, mas, vejamos e convenhamos: alguém que não pode decidir nem a hora do próprio almoço não é, nem de longe, normal.;
Um poeta, apaixonado por uma cantora, que passou a vida inteira se escondendo atrás de seus haicais. Sempre soube conjugar o amor em cada verso, mas nunca sequer teve coragem de olhar sua amada nos olhos. Paremos por aqui. Alguém que não tem coragem de enfrentar seus sentimentos não é normal;
Uma pessoa comum, como eu e você, que acorda às seis da matina pra ir estudar, volta da escola oito horas depois, pra, duas horas mais tarde, ir estudar de novo. Não, não é normal – já me disseram aquela frase.
Fim. Minhas hipóteses acabaram.Então, terminadas as hipóteses e seguindo a nossa mesma linha de raciocínio, podemos afirmar, com todas as letras, que ninguém é normal.Porque, vejamos: Se vestir não é normal. Não se vestir não é normal, e dá cadeia. Ser branco da cor da neve não é normal. Ser negro também não é normal. Ser uma bruxa não é normal. Ser trouxa, como já nomearia J.K. Rowling, também não é normal. Ser magro não é normal. Ser gordo, tampouco, está longe de ser normal.Ser (...). Ser (...). Ser! Ser é normal! Não ser é anormal!Por que isso? Porque, se não fôssemos, não seríamos nada. Não existiríamos, e eu não estaria aqui, da minha sala de estar, escrevendo esse texto.
Mas enfim. Parece que chegamos ao final da linha de raciocínio.Ser é normal. Ser o que? Ser! Apenas ser. Não apenas existir, mas viver. Ter uma personalidade, trabalhar nela e poder dizer: Eu sou (...).
Eu sou. 
E você, é?