O calor escapava os nossos corpos
e os ponteiros do relógio
eram os únicos
congelados
O circo estava completamente armado
e nós éramos apenas os bastidores
de todos o espetáculo
que estava por vir
Até que
o inesperado aconteceu:
três soquinhos na porta
que anunciavam o pedido de entrada
de alguma pessoa
Eu subi a saia
tentei arrumar os cabelos
você subiu a calça
até onde pôde
e afivelou o cinto
A blusa era apertada
quase não subia no meu peito nu,
mas...
E, diabos!
Onde estava a sua maldita camisa?,
e isso nos fez
gelar.
Reviramos as roupas dos palhaços
procuramos na cartola do mágico
na fita de cabelo da dançarina
e também não estava no sapato do equilibrista
tampouco na mesa da acionista
nem no trapézio,
e também não no chicote do domador
e, onde está o diabo da camiseta?,
e você não entregava os pontos
e pelo amor de Deus, baby,
onde foi parar a maldita camiseta?
E os três socos na porta,
que agora já eram seis,
e depois nove
e os nossos corações pulsando num ritmo
entre esses múltiplos
E a porta se escancarou.
O Circo inteiro veio
ver o nosso show.
Nos viramos de costas pra porta,
o batom ainda borrado na boca,
você me abraçou.
Sem camisa.
no infinito das estradas que ligam o passado ao futuro l contato: reginilda12@gmail.com
sexta-feira, 19 de abril de 2013
quinta-feira, 18 de abril de 2013
Das coisas a serem consideradas
Fazia um calor infernal
a minha camiseta estava grudada no meu corpo
os meus braços estavam doloridos
de tanto carregar mochila e livros
pela UFRN
O circular nunca esteve tão lotado
as pessoas nunca tiveram tanta amnésia
em relação ao uso de seus desodorantes
a fumaça nunca foi tão espessa
e o fedor nunca foi tão forte
Os gatos se enlaçavam em minhas pernas
enquanto eu tentava caminhar
entre multidões
de alunos perdidos
drogados
ou ''usuários''
Os professores quase não davam aula
e os textos nunca tinham sido tão chatos
os livros todos empoeirados
as letras que saltavam das páginas
e aquele cheiro enojador
de café barato
As ruas estavam esburacadas
o lixo tomava conta das calçadas
não se via sombra de um governante
os policiais estavam sem pagamento há dias
e eu continuava a tentar caminhar
As pernas doloridas
os olhos ardendo de sono
a cabeça confusa e o suor escorrendo,
eu te avistei.
Você sorriu
e o resto foi só uma vírgula.
a minha camiseta estava grudada no meu corpo
os meus braços estavam doloridos
de tanto carregar mochila e livros
pela UFRN
O circular nunca esteve tão lotado
as pessoas nunca tiveram tanta amnésia
em relação ao uso de seus desodorantes
a fumaça nunca foi tão espessa
e o fedor nunca foi tão forte
Os gatos se enlaçavam em minhas pernas
enquanto eu tentava caminhar
entre multidões
de alunos perdidos
drogados
ou ''usuários''
Os professores quase não davam aula
e os textos nunca tinham sido tão chatos
os livros todos empoeirados
as letras que saltavam das páginas
e aquele cheiro enojador
de café barato
As ruas estavam esburacadas
o lixo tomava conta das calçadas
não se via sombra de um governante
os policiais estavam sem pagamento há dias
e eu continuava a tentar caminhar
As pernas doloridas
os olhos ardendo de sono
a cabeça confusa e o suor escorrendo,
eu te avistei.
Você sorriu
e o resto foi só uma vírgula.
contradição
Pararam o tempo
congestionaram o trânsito
quebraram os pontos dos relógios
congelaram o deserto
e nada havia mudado
Desconectaram a internet
os jornalistas foram às ruas
os policiais entraram em greve
o presidente anunciou
alerta máxima
e nada havia mudado
Os escritores foram proibidos de riscar algo
os músicos tiveram seus violões quebrados
os artistas tiveram seus quadros cobertos de preto
e os cantores tiveram suas bocas cerradas
e nada havia mudado
O chocolate foi vetado
os quilombos não foram poupados
o Congresso foi invadido
os políticos foram linchados
e nada havia mudado
A música parou
o vento levou
a tinta secou
o papel rasgou
e nada havia mudado
Os namoros acabaram
amigos se mataram
presidiários desistiram da fuga
professores não cansaram de cansar
e nada havia mudado
O sangue escorreu
o asfalto rachou
o cimento se partiu
a rosa não desabrochou
a menina não menstruou
e nada havia mudado
As guerras se intensificaram
os animais desapareceram
humanos se esconderam em porões
ninguém mais dançou
a banda nem tocou
o mundo não mais girou
e nada havia mudado
Você foi embora
e tudo mudou...
congestionaram o trânsito
quebraram os pontos dos relógios
congelaram o deserto
e nada havia mudado
Desconectaram a internet
os jornalistas foram às ruas
os policiais entraram em greve
o presidente anunciou
alerta máxima
e nada havia mudado
Os escritores foram proibidos de riscar algo
os músicos tiveram seus violões quebrados
os artistas tiveram seus quadros cobertos de preto
e os cantores tiveram suas bocas cerradas
e nada havia mudado
O chocolate foi vetado
os quilombos não foram poupados
o Congresso foi invadido
os políticos foram linchados
e nada havia mudado
A música parou
o vento levou
a tinta secou
o papel rasgou
e nada havia mudado
Os namoros acabaram
amigos se mataram
presidiários desistiram da fuga
professores não cansaram de cansar
e nada havia mudado
O sangue escorreu
o asfalto rachou
o cimento se partiu
a rosa não desabrochou
a menina não menstruou
e nada havia mudado
As guerras se intensificaram
os animais desapareceram
humanos se esconderam em porões
ninguém mais dançou
a banda nem tocou
o mundo não mais girou
e nada havia mudado
Você foi embora
e tudo mudou...
quarta-feira, 17 de abril de 2013
primeiro encontro
eu piso meus pés molhados naquelas pedras
e abaixo a cabeça
para ver aquelas solas avermelhadas
- e eles estão muito machucados
continuarão assim
porque vermelho estão
e amanhã sangrarão
mas eu não estou nem aí
tenho um caminho inteiro
para seguir
já fazem três dias
e oito horas
que eu não te vejo
e essa saudade
queima e sufoca
o meu interior;
então eu prossigo
pé após pé
passo após passo
''só mais doze passos''
- que é o meu número da sorte -
''só mais doze passos'',
e vou repetindo isso
até chegar
à algum lugar
naquela tarde sem fim
eu estava deserta
e a areia molhada
fazia coçar a minha pele
e eu estava ensanguentada
o sangue escorria pelas minhas pernas,
e voava líquido vermelho pra todos os lados
e a promessa de só mais doze passos
deslizava pelo vento
depois de parar
e ver que não acharia nenhum outro pássaro,
deitei na areia da praia.
já era tarde.
as ondas do mar batiam naquela areia branca
como se quisessem transmitir
alguma mensagem divina
e eu tentava ouvir
tentava, sim!
mas era difícil.
algo dentro de mim gritava
e o eco no meu peito
não me deixava responder.
cada vez ficava mais tarde.
os cabelos molhados,
nua da cabeça à ponta dos pés,
deitei na areia.
senti os grãos entrando em mim,
como se me sugassem,
pouco a pouco,
parte após parte,
para baixo da terra.
''só mais doze passos'',
minha mente insistia em brincar,
e eu pisquei o olho
seis vezes.
as estrelas e a lua
refletidas naquele mar todo
me fizeram voltar à realidade.
à qual realidade?!
não sei explicar.
mas voltei.
levantei
e segui caminhando
me perdendo nas contas
dos múltiplos de doze,
mas seguindo adiante.
os órgãos cobertos de areia,
tremendo de frio,
deixei-me afogar.
te encontrei naquele gosto salgado,
nas estrelas do mar.
e abaixo a cabeça
para ver aquelas solas avermelhadas
- e eles estão muito machucados
continuarão assim
porque vermelho estão
e amanhã sangrarão
mas eu não estou nem aí
tenho um caminho inteiro
para seguir
já fazem três dias
e oito horas
que eu não te vejo
e essa saudade
queima e sufoca
o meu interior;
então eu prossigo
pé após pé
passo após passo
''só mais doze passos''
- que é o meu número da sorte -
''só mais doze passos'',
e vou repetindo isso
até chegar
à algum lugar
naquela tarde sem fim
eu estava deserta
e a areia molhada
fazia coçar a minha pele
e eu estava ensanguentada
o sangue escorria pelas minhas pernas,
e voava líquido vermelho pra todos os lados
e a promessa de só mais doze passos
deslizava pelo vento
depois de parar
e ver que não acharia nenhum outro pássaro,
deitei na areia da praia.
já era tarde.
as ondas do mar batiam naquela areia branca
como se quisessem transmitir
alguma mensagem divina
e eu tentava ouvir
tentava, sim!
mas era difícil.
algo dentro de mim gritava
e o eco no meu peito
não me deixava responder.
cada vez ficava mais tarde.
os cabelos molhados,
nua da cabeça à ponta dos pés,
deitei na areia.
senti os grãos entrando em mim,
como se me sugassem,
pouco a pouco,
parte após parte,
para baixo da terra.
''só mais doze passos'',
minha mente insistia em brincar,
e eu pisquei o olho
seis vezes.
as estrelas e a lua
refletidas naquele mar todo
me fizeram voltar à realidade.
à qual realidade?!
não sei explicar.
mas voltei.
levantei
e segui caminhando
me perdendo nas contas
dos múltiplos de doze,
mas seguindo adiante.
os órgãos cobertos de areia,
tremendo de frio,
deixei-me afogar.
te encontrei naquele gosto salgado,
nas estrelas do mar.
segunda-feira, 15 de abril de 2013
Compartimentos
O corpo moreno e nu
acolheu a água do riacho
como a um amigo
de infância
A nitidez daquilo tudo
contrastava com o brilho do seu corpo;
e os peixes nadavam à sua volta
como se fossem, dela,
seus parentes
Os cabelos molhados,
os peitos enrijecidos de frio,
as escamas dando início a um ciclo de vida,
a menina mergulhou.
Foi como se a água entrasse em seus pulmões
e lá encontrasse
um caminho secreto,
um novo rumo
a ser percorrido.
A menina abriu a boca,
pela força da pressão,
e saíram bolhas e luz.
Uma luz amarelo-ofuscante,
que a guiou por debaixo das águas.
Viajou por diversos reinos,
escapou de cavalos e de jubartes,
seguiu caminhos jamais imaginados.
Adentrou uma gruta escura
revestida de algas e pedras ocultas,
onde, lá, pôde sentar-se à sua própria sombra.
Com a cabeça encostada nos joelhos
surpresa por, além de viva,
não estar ofegante,
a menina chorou.
De seus olhos,
da cor daquela tempestade que nunca chegou,
escorrem gotas de água do mar.
Querendo re-encontrar sua outra metade,
a menina voltou.
Seus pelos,
já apontando crescimento,
se eriçaram, como se quisessem
levá-la à algum lugar.
Depois de muito bater de perna,
muito piscar de olhos e muitos
''só mais um pouquinho''
atravessou um caminho
tão pequeno, mas tão pequeno mesmo
que coube todo o seu amor lá.
O menino bebeu todas as lágrimas
da sua saudade
como se todo o 'nós' deles
fosse do tamanho e do gosto
daquele mar.
acolheu a água do riacho
como a um amigo
de infância
A nitidez daquilo tudo
contrastava com o brilho do seu corpo;
e os peixes nadavam à sua volta
como se fossem, dela,
seus parentes
Os cabelos molhados,
os peitos enrijecidos de frio,
as escamas dando início a um ciclo de vida,
a menina mergulhou.
Foi como se a água entrasse em seus pulmões
e lá encontrasse
um caminho secreto,
um novo rumo
a ser percorrido.
A menina abriu a boca,
pela força da pressão,
e saíram bolhas e luz.
Uma luz amarelo-ofuscante,
que a guiou por debaixo das águas.
Viajou por diversos reinos,
escapou de cavalos e de jubartes,
seguiu caminhos jamais imaginados.
Adentrou uma gruta escura
revestida de algas e pedras ocultas,
onde, lá, pôde sentar-se à sua própria sombra.
Com a cabeça encostada nos joelhos
surpresa por, além de viva,
não estar ofegante,
a menina chorou.
De seus olhos,
da cor daquela tempestade que nunca chegou,
escorrem gotas de água do mar.
Querendo re-encontrar sua outra metade,
a menina voltou.
Seus pelos,
já apontando crescimento,
se eriçaram, como se quisessem
levá-la à algum lugar.
Depois de muito bater de perna,
muito piscar de olhos e muitos
''só mais um pouquinho''
atravessou um caminho
tão pequeno, mas tão pequeno mesmo
que coube todo o seu amor lá.
O menino bebeu todas as lágrimas
da sua saudade
como se todo o 'nós' deles
fosse do tamanho e do gosto
daquele mar.
quinta-feira, 11 de abril de 2013
+ Novidades
Olááá, Brasil!
Então, tenho algumas novidades pra vocês serem beeem felizes, por essas bandas desses lados de cá.
A partir dessa semana que vem, estarei postando, aqui, poemas de todos os tipos e tamanhos; crônicas sobre tudo que (não) falamos; contos sobre que me for (im)possível de imaginar; entre outras muitíssimas novidades, que vocês descobrirão com o correr dos pontos do relógio.
Toda semana, indicarei um vídeo, uma música, um livro, um poema, um texto, um autor ou qualquer outra coisa do tipo, que eu goste.
Falarei sobre absolutamente TUDO aqui. Será, às vezes, como um diário. Noutras, um poço de ficção - ''pra não relatar mentiras, as escreva e catalogue como ficção'' é um dos meus lemas de vida - e, vez por outra, postarei coisas aqui que mal saberei classificar.
Por enquanto, deixo apenas o meu muito obrigada a todo o mundo que vem me acompanhando, desde o tempo em que aprendi a parar de escrever no efeito espelho, até hoje, quando sei - salvo casos de extrema loucura pressa estresse ou ritmo - usar uma vírgula.
Eu simplesmente ADORO quando vocês comentam alguma coisinha aqui, então comentem e façam uma Regina feliz!
Outra coisa: meu e-mail é reginilda12@gmail.com, e vocês podem mandar qualquer coisa pra mim, mas se identifiquem, por favor, porque, depois da saga d'A DJ Natalense, criei um certo trauma por links e etc.
Enfim...
Sigamos intensos.
Enfim...
Sigamos intensos.
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