segunda-feira, 1 de julho de 2013

see you later

escrevo num guardanapo sujo
de manteiga
porque estou imunda
como um mar poluído por saliva
humana.

escrevo num guardanapo sujo
de queijo
porque as palavras me entalam
enquanto seu leite sobre mim.

escrevo um guardanapo sujo
cor de tapioca fria
porque não achei nada além
nesse cardápio lotado
de calorias.

escrevo num guardanapo sujo de sangue
enquanto olho pro espelho
minhas costelas escrevem atestados
ninguém desconfia
seca no sertão.

escrevo num guardanapo
dobrado
porque o sangue precisa ser
estancado
e você dilúvio em mim
rio vermelho.

paredes cor de tapete real
escrevo
mesmo que agora não vejo
sequer sombra
de guardanapo.

os guardanapos escrevem:
adiós, bye-bye.

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