domingo, 13 de janeiro de 2013

família

Nunca imaginei que começaria algum texto meu desta forma, mas vamos lá: eu nãos sei por onde começar. 
Comecemos do meio, então.
Vou contar-lhes a história pela qual eu me baseei para escrever isto aqui. 

Era dia 12 de janeiro de 2013, e há pouquíssimo tempo eu havia completado meus tão almejados 13 anos. 
Estávamos todos almoçando em família,  na minha humilde residência, todo mundo feliz, comendo e conversando, conversando e comendo.
Eu estava radiante. 
E eis que uma hora eu precisei de algo que estava dentro do meu quarto, e fui lá pegar.
Já ouviram falar naquela história de ''sem querer querendo''? Pois, sim. Ouvi uma conversa, por trás da porta entreaberta, que me queimou inteira por dentro. Me destruiu. 
Pra ser sincera, só ouvi algumas migalhas da conversa, que aparentava estar rolando já há bastante tempo. 
Três primos. 
Falando >de< mim. No meu aniversário. Na minha festa. Na minha casa. No meu quarto. Na minha cama. Respirando o meu ar. 
Não vou contar detalhes, porque, sinceramente, eu não ouvi direito, mas era sobre mim, sim. E sobre a minha mãe.
Acontece que, eu tenho algumas pinturas, que eu mesma fiz, espalhadas pelo meu quarto.
Umas, dão certo. Outras... Bem. Nem tanto.
Tem uma lua, em especial, que eu pintei em uma das portas do meu guarda-roupas, que eles estavam dizendo que eu havia pintado pensando em minha mãe.
Como se, por exemplo: ''as duas são feias''. 
Não. 
A pintura, sim.
Minha mãe, não.
Minha mãe é, de perto e de longe, uma das pessoas mais bonitas que eu conheço. Do tipo de beleza especial - que não acaba quando se tira a maquiagem. 
Cof. Cof. Cof. 
Essas duas primas minhas, não possuem essa beleza especial. 
Que pena.
Beleza especial, que eu digo: beleza interior e exterior. 
Mas enfim. 
Uma hora, não aguentei mais esperar na porta, mesmo que tenham sido apenas alguns segundos, e abri a porta.
Arregalaram os olhos.
Os três.
''Falem mais alto!'' - meu primo falou.
''Ma... ma...mas...s...masss...'' - gaguejaram, assumindo a culpa.
Bati a porta do quarto e saí.
Eu me senti levando uma facada nas costas.
Senti, sim. 
E isso não me tirou apenas sangue, mas lágrimas. 
Me sentei ao lado da minha vó e chorei.
Chorei muito.
Não apenas pelos comentários ridículos, nem pela falsidade, mas porque eu percebi, naquele momento, o quanto eu queria que algumas pessoas estivessem ali. 
Cantaram os ''parabéns'', e eu chorando.
Depois, saíram desculpas esfarrapadas. Como sempre. 

Família. 
Sabem o que 'família' significa pra mim?
Uma base de confiança, amor. 
Não é só sangue correndo nas veias. É mais que isso.
Se você  não possui o mesmo sangue da família, com o tempo, amor e carinho, começa a ser considerado da família. 
Meus melhores amigos são todos da minha família. E todo o mundo sabe disso.
Família é confiança, amor. Família é o que transforma um almoço simples de sábado em uma grande festa. Família é aquela que te apoia e te entende. Ou se não te apoia, nem entende, ao menos aceita. E torce pela sua felicidade. 
Nesse momento, depois de tanto choro e de tanto sentimento ruim, eu digo, com todas as letras: minha família sou eu quem escolho.
O meu sangue, não. 
Mas, usando de um argumento um tanto próprio e trágico: quando o meu sangue parar de fluir nas veias, quando o meu coração parar de bater e os meus pulmões pararem de funcionar, quando minha pele esfriar e meus olhos se fecharem por completo, não será o sangue, nem os presentes, nem a árvore genealógica que fará alguém sentir falta de mim. Não serão isso tudo e mais algumas que farão com que eu, de algum lugar no infinito, brilhe pra cada uma das pessoas que quero bem. 
Será o amor que essas pessoas me deram, voltando, em forma de estrela, pra elas. 
E eu. 
Uns pedacinhos de mim, triturados pelo universo, pela dor que senti ao morrer, voltando em outras formas.
Outras formas de amor. 

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