sábado, 16 de fevereiro de 2013

velha conhecida

A minha saudade
não só é bonita
na poesia.

Às vezes, 
ela se veste de você
e vem me fazer um cafuné,
enquanto eu espero que dê
sono.

Às vezes,
ela vem vestida dos pés a cabeça,
feito uma indiana estilosa;
outras, não.

Ela já apareceu nua
completamente invisível,
de preto,
de prata,
e entrou no meu peito.

A saudade
é engraçada
Quando a gente acha
que nada
podia piorar,
ela aparece nas letras de uma música
antes cantada a dois.

Ela nunca pede pra entrar
é uma mal educada de primeira.
Chega, faz barulho,
entra sem avisar,
e quando vejo
ela já faz parte
de mim.

Um dia
ela entrou como não quem nada
e me levou embora duas dúzias de lágrimas
e três quilos
e eu fiquei
a ver vazios
no meu peito
na minha barriga
nas minhas pernas
nos meus olhos
na curva da panturrilha
e em outros lugares estranhos.

Pra Saudade,
o lugar mais estranho do mundo
é o olhar de um apaixonado.

E a saudade,
essa bela praga,
se condensa em mil lágrimas
dentro de mim.

Quando abro os olhos
e cruzo um olhar com você
não são lágrimas que você vê
estampado.

É a nossa
saudade.

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