terça-feira, 19 de março de 2013

E isso então...

 Vivemos em um mundo em que as pessoas deixam de aceitar um beijo por diferenças de idades, mas perdem a fala se uma mulher passar com um short curto.
 Vivemos nesse mundo onde os homens espancam gays pelo simples fato de eles serem quem são, e esses mesmos homens se acham tão donos do mundo que, momento seguinte, mexem com uma mulher, achando que ela é cachorro, pra responder a fiu-fiu.
 Os homens estão tão desesperados por achar um sentido pra vida que se esquecem de viver. Quem nunca?! Que se atire o primeiro não-42.
 As pessoas passam tanto tempo preocupadas com o que os outros vão pensar quando elas cruzarem uma esquina, que esquecem que, antes disso, é necessário construir as esquinas. 
 E os homens esquecem do asfalto. Do que havia debaixo dele, do que poderia ter existido e do que pode, um dia, existir. De tão ocupados que os homens ficam com um medo, um receio, uma dúvida, eles deixam de lado novas perguntas. 
 Os homens são a resposta. 
 Eles não sabem disso.
 Nunca saberão.
 Porque estão ocupados demais. Fazendo inúmeras coisas, como jogar xadrez ou assaltar um banco. Tirando a vida de um carteiro, violentando uma mulher, humilhando um menino do 7º ano. Escrevendo poemas. Vivendo vidas paralelas, opostas, incorretas, incertas, inertes. Tentando descobrir a cura para a AIDS. Caçando borboletas, investigando crimes, escrevendo o novo best-seller do New York Times. 
 Quase vivendo. 
 Porque a vida é mais que tudo isso.
 A vida é tudo.
 A vida está no nada. 
 A vida não tem explicação.
 A vida é a explicação.
 A morte não é um ponto final. 
 A morte é uma exclamação, o prender da respiração, a curva do túnel.
 As pessoas são os túneis. 
 A vida é tão curta que cabe num sorriso.
 A morte é tão gigantesca que não cabe na dor de um coração partido.
 A vida e a morte são apenas caminhos. Sendo caminhos, podemos escolhê-los. Você pode morrer antes de viver. Pode morrer como se nunca tivesse vivido e pode viver como se nunca fosse morrer. Ou pode viver sem estar vivo. 
 Ou quase viver.
 Ou entender que as dimensões não cabem nos números, nas vírgulas, nos decimais, nas dízimas periódicas. 
 Os fatos não cabem nos livros de História.
 O Planeta não cabe nem em todas os mapas que a sua professora de Geografia puder apresentar. 
 Os animais, as plantas, o céu, a terra, o mar... nada disso será sentido enquanto as páginas de uma revista científica são passadas. 
 Nada se resume. 
 O mundo é o resumo.
 Somos maiores que tudo isso. 
 Um dia provaremos.
 Ou nunca. 
 Ou, talvez, em algum 'nunca'. 
 Espero que o caminho me reserve mais que corpos. 

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