domingo, 19 de maio de 2013

Estética

Acordei com mofo na boca
meus lábios ressecados 
e o cérebro ainda mergulhado no sono. 

Cambaleei até o banheiro
abaixei as calças 
e ouvi um barulho de cachoeira. 

Não direi de onde a água vem
porque você deve saber disso 
mesmo que seja muito novo
muito velho
ou talvez um sonho curto demais. 

A questão é que eu deixei a água fluir 
e depois cambaleei até a cozinha 
e tomei um copo d'água
e ela estava muito gelada
e o meu corpo estava febril 
e eu avistei uma faca.

A ponta fina,
o cabo de madeira
tão grande quanto qualquer outra coisa
que possa acabar com alguém
o brilho resplandecente no metal novo. 

Pés descalços 
dedos ensanguentados
e o pensamento de que isso seria 
um final muito feio 
para um poema. 

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