segunda-feira, 10 de junho de 2013

Cubra-se

Eram tantos corpos
e não apenas corpos
corpos comuns, humanos
nus, reais, inteiros. 

Corpos somados na balança
seriam muito mais 
que pedras no caminho. 

Ombros, cicatrizes de paixões 
coisas nunca curadas
peles juntas, carnes brancas
entranhas, juntas, secreções
calos, visão turva, pelos eriçados
unhas que arranham.

Empilhados, 
pareciam tão reais
tão vivos 
como se fossem durar 
uma eternidade.

Eram tão lindos
eles, lá
diante de mim
com tantos órgãos escondidos
mesmo tempo, expostos 
fazendo convites 
lembrando-me de coisas que já aconteceram 
que não podem mais acontecer 
que poderiam ter acontecido.

Não, eu não quero mais, não
saiam de perto de mim, corpos
eu não posso
não
não
eu jurei
não, não
eu não posso
eu 
    não
           posso...
eu, eu
eu, sim.
Eu.

Sou costurada em retalhos. 

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