terça-feira, 11 de junho de 2013

o preço

Ponteiro do relógio enfim rodou
'inda é tempo
serei melhor que sou. 

Arsenal abandonado 
muros rabiscados, grafites inacabados 
avanço um passo
a escuridão é fagulha em mim. 

Continuo caminhando 
meus tênis estão ensopados de um líquido marrom
preciso achar o que me trouxe aqui. 

Tropeço em meus próprios passos 
já não sou o mesmo de trinta anos atrás
vejo campos de sangue 
vida escorrendo de arame farpado
lâminas espalhadas pelo chão
corações pendurados no varal.

Expostos, tabelados 
alguns em promoção 
os corações estão à venda
e eu não consigo escolher
qual inserir em mim. 

Alguns são coloridos 
carregam lembranças, cores, sons
outros são apenas vestígios 
de algo que passou a vida 
como uma bomba de gasolina. 

No canto da sala, vejo algo pulsar
sinto meu corpo falhar
minha garganta fechar
algo não está bem 
eu já não sou mais tão jovem 
pra sofrer assim.

Meu coração não está à venda.

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