domingo, 10 de fevereiro de 2013

À um amigo de estante

Para Guto


Um agudo agito 
fez o meu peito revirar-se
em dor
quando a calçada cruzou
e me deixou.

Um agouro maldito
me habitou.

Lágrimas não cessaram
o pranto ainda não parara
mas a dor não era a única praga.

A saudade e o poema
aqueles dois ácidos
que se vendem em frascos
e cabem em lágrimas.

Na parede suja
um poema me prende e segura
à esse mundo triste.

Quando volto à vida
um pouco mais colorida
eu me vejo
ao seu lado.

Do alto das nossas árvores
não havia nada que nos incomodasse.

Um fone de ouvido,
um abraço quente
e uma flauta.

E nós dois felizes.

Benditas rimas
trouxeram-me amor bilíngue
e choro de calçada.

Eu e você
somos tão distantes
quando um livro perdido numa estante.

Mas,
por sorte,
você ainda me acha em si.

E sempre achará.

Quando a alma queimar
o peito ferver
e o prato não cessar,
me veja em você.

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