sexta-feira, 19 de abril de 2013

Abraço sem camisa

O calor escapava os nossos corpos
e os ponteiros do relógio
eram os únicos
congelados

O circo estava completamente armado
e nós éramos apenas os bastidores
de todos o espetáculo
que estava por vir

Até que
o inesperado aconteceu:
três soquinhos na porta
que anunciavam o pedido de entrada
de alguma pessoa

Eu subi a saia
tentei arrumar os cabelos
você subiu a calça
até onde pôde
e afivelou o cinto

A blusa era apertada
quase não subia no meu peito nu,
mas...
E, diabos!
Onde estava a sua maldita camisa?,
e isso nos fez
gelar.

Reviramos as roupas dos palhaços
procuramos na cartola do mágico
na fita de cabelo da dançarina
e também não estava no sapato do equilibrista
tampouco na mesa da acionista
nem no trapézio,
e também não no chicote do domador
e, onde está o diabo da camiseta?,
e você não entregava os pontos
e pelo amor de Deus, baby, 
onde foi parar a maldita camiseta?

E os três socos na porta,
que agora já eram seis,
e depois nove
e os nossos corações pulsando num ritmo
entre esses múltiplos

E a porta se escancarou.

O Circo inteiro veio
ver o nosso show.

Nos viramos de costas pra porta,
o batom ainda borrado na boca,
você me abraçou.

Sem camisa.




Um comentário:

Marcos Azevedo disse...

Minha linda e abençoada sobrinha, parabéns, parabéns de coração, és uma fabulosa escritora, poetisa... enfim tens a quem puxar, pois tens pais inteligentes e que muito te ofertam em sabedoria. Agradeça a Deus por este Dom. Sinto muito orgulho de você, Deus te abençoe. Beijo do tio Marcos, tia Rosali e primo Marcos Júnior.