sábado, 11 de maio de 2013

A queda

As pessoas fecharam os olhos
quando nossos corpos estavam descendo
metro por metro
até pousarmos nos altos galhos
da floresta.

Aqui é muito alto 
e dá pra ver o céu, 
lá embaixo, 
tão pequeno quanto
qualquer homem. 

As folhas estão secas
os galhos estão ressecados 
e a madeira molhada 
lembra sonhos
em treze por dois.

Meus cabelos estão molhados 
tocam a cintura
e minhas pernas estão pintadas 
de marrom e vermelho; 
você está brilhando
em tons de verde e azul; 

Nossas asas estão doloridas 
e o vento é muito forte;
é difícil enxergar um lugar para
parar.

Nós não temos medo
representamos o amor do mundo inteiro
o sangue que corre nas nossas veias
é tão puro quanto qualquer riacho 
que deságua em um pote de lágrimas

Enchemos o peito de coragem 
damos as mãos
- as asas - 
e sugamos o oxigênio daquele lugar tão limpo; 
sentimos o mundo vacilar 
tudo é apenas escuridão
e nos entregamos 
ao espaço em branco.

O sol bate em nossos rostos ensanguentados 
o vento nos faz ser apenas manchas
e nós caímos livremente 
e não temos nenhuma perspectiva 
do que há -
nós não existimos.

Já não é tão alto
podemos escutar os saltos 
tocando as calçadas 
no planeta azul.

Só mais um pouquinho
ou talvez o mundo inteiro
ou algo do tamanho de um ''pra sempre''
e tudo acabará. 

Não temos tempo de nos encontrar
nada nos faria pensar 
só queremos seguir em frente, 
sempre
e não nos importamos em parecer perdidos 
- dois loucos querendo ser um.

Nós, abstratos 
nos chocamos contra o concreto.

Foi algo surreal:
nós acordamos.


xx
Esse poema foi escrito ao som de 'A Janela', música de FeLL, pela banda SeuZé. Obrigada pela luz. :)

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